“A limpeza dos estábulos de Augias” - Limpeza e purificação, usando a água, preparando o encerramento do ciclo
O Mestre chamou Hércules e disse:
“Onze vezes a roda girou e agora estás diante de outro Trabalho.
Por muito tempo perseguistes a luz que tremeluzia, primeiro de
maneira incerta, depois aumentando até se tornar-se um firme farol,
e agora brilha para ti como um sol brilhante. Agora volta tuas costas
para o brilho, volta tuas costas para o brilho, inverte teus passos
para Augias, cujo reino deve ser limpo do antigo mal”. E Hércules
saiu a procura Augias, o rei.
Quando ele se aproximou do reino que
Augia governava, um terrível mau cheiro que o fez quase desmaiar,
feriu suas narinas. Durante anos, ficou sabendo, o Rei Augias jamais
fizera limpar o excremento que seu gado deixava nos estábulos reais.
Então os pastos estavam tão adubados que nenhuma colheita crescia.
Em consequência, a pestilência varria o país, devastando vidas
humanas. Hércules dirigiu-se para o palácio e procurou pelo próprio
Augias. Informado de que Hércules vinha limpar os fétidos
estábulos, Augias confessou sua dúvida e descrença dizendo:
“Dizeis que farás esta imensa tarefa sem recompensa? Não confio
naqueles que anunciam tais bazófias. Hás de ter algum plano
astucioso que arquitetastes, oh Hércules, para me roubar o trono.
Jamais ouvi de homens que procuram servir ao mundo sem recompensa.
Nunca ouvi. A esta altura, contudo, eu de bom grado acolheria a
qualquer tolo que procurasse ajudar. Mas deve ser feito um trato para que não zombem de mim como sendo um rei bobo. Se tu, em um
único dia, fizeres o que prometeste, um décimo de todo o meu
rebanho será teu, mas se fracassares, tua vida e teus bens estarão
em minhas mãos. Não penso que possas cumprir tuas bazófias, mas
podes tentar.
Hércules então deixou o rei. Ele
vagou pela pestilenta área, e viu uma carroça passar empilhada com
cadáveres, vítimas da pestilência. Dois rios, ele observou, o
Alfeu e o Peneu, fluíam mansamente pela vizinhança. Sentado a beira
de um deles, a resposta para seus problemas lhe veio à mente como um
relâmpago. Com determinação e força ele trabalhou. Com enorme
esforço ele conseguiu desviar ambas as correntes dos cursos seguidos
por séculos. Ele fez com que Alfeu e Peneu desviassem suas águas
através dos estábulos e aceleradas limparam a imundice por tanto
tempo acumulada. O reino foi limpo de toda fétida treva. Em um dia
foi cumprida a tarefa impossível.
Quando Hércules, bastante satisfeito
com o resultado, voltou a Augias, este franziu a testa e disse:
“Conseguistes êxito com um truque”, berrou de raiva o Rei
Augias. “Os rios fizeram o trabalho, não tu. Foi uma manobra para
tirar meu gado, uma conspiração contra meu trono. Não terás uma
recompensa. Vai, sai daqui ou mandarei decapitar tua cabeça!” O
enraivecido rei assim baniu Hércules e o proibiu de voltar ao seu
reino, sob pena de morte imediata.
Hércules cumpriu a tarefa que lhe
tinha sido dada e voltou ao Mestre que disse: “Tu te tornaste um
servidor mundial. Avançasses ao recuares, viestes a casa da luz por
outro caminho, gastastes a tua luz para que a luz dos outros pudessem
brilhar. A joia que o décimo primeiro trabalho dá é tua para
sempre.” Hércules sendo iniciado, deveria fazer três coisas, que
podem ser resumidas como as características principais de todos os
verdadeiros iniciados. Se não estivessem presentes em alguma medida,
o homem não é um iniciado. A primeira é o serviço impessoal, que
não é o serviço que prestamos porque nos dizem que o serviço é o
caminho de libertação, mas o serviço prestado porque nossa
consciência não é mais centrada em nós. Não estamos mais
interessados em nós mesmos e sim, nossa consciência sendo
universal, nada há a fazer, senão assimilar os problemas de nossos
semelhantes e ajudá-los. Para o verdadeiro iniciado isto não é
esforço. A segunda é o trabalho grupal que é permanecer sozinho
espiritualmente na manipulação dos assuntos pessoais, esquecendo
completamente de si mesmo, do bem-estar do particular em prol da
humanidade, a qual está associado. A terceira é o autossacrifício
que significa tornar o ego sagrado, Isto lida com o ego do grupo e o
ego do indivíduo, este é o trabalho do iniciado.
Este Trabalho está associado ao signo
de Aquário. Cada um de nós é um animal do rebanho de Augias, e os
estábulos onde os animais viviam não foram limpos por trinta anos.
Trinta é o três multiplicado por dez, três é o número da
personalidade e o dez é o número da complementação. Hércules
rompeu todas as barreiras, que é a primeira coisa que deve acontecer
na Era de Aquário, que significa que devemos começar a pensar em
termos amplos, deixar de sermos exclusivos. Cultivemos o espírito de
Aquário de deixar as pessoas livres, cultivemos a capacidade da
confiança, eliminemos a desconfiança de todos os que nos ligarmos,
creiamos neles e eles não nos decepcionarão. Se imputamos a eles
motivos errados, eles nos trairão e esta falta será nossa. Sejamos
tão leais quanto pudermos com a luz que temos. Cultivemos o espírito
de Aquário, da não separatividade, do amor, da compreensão, da
inteligência, livres da autoridade, buscando tirar de cada ser
humano com quem nos deparamos, o melhor que nele existe.
Aquário já foi referido como o “signo
de João Batista”, em termos do iniciado. Se fizermos tudo o que
pudermos neste tempo, cumpriremos a função de João Batista preparando o caminho para aquele extraordinário acontecimento que
terá lugar individualmente quando a humanidade compreender a própria
grande vitória e der um passo para frente e para o alto.
Bibliografia: Os 12 Trabalhos de
Hércules – Alice A. Bailey
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