quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Vênus Revisitada/O Anjo Negro da Nossa Natureza


                                           Por Dana Gerhardt
   Vênus sugere vestidos fluidos, riso semelhante a música e um sensual à vontade com a vida. Ela é receptividade, beleza e graça femininas, a menos que você esteja a falar com um astrólogo para quem o planeta Vênus é sobretudo um símbolo de amor e dinheiro. Mas estarão estas associações corretas? Qual é a nossa verdadeira experiência do arquétipo de Vênus? E como é que isto se correlaciona com a posição dela nos nossos mapas? Esta indagação inspirou um projeto de investigação de dois anos (vejam a primeira parte da última edição de "Venus Revisited") no qual eu comparei o posicionamento de Vênus de 426 indivíduos face às suas respostas a um inquérito profundo que sonda todas as facetas da experiência venusiana – amor, relações, gostos estéticos, criatividade, finanças, sexo, mágoas e felicidade. Inquérito a inquérito, tornou-se óbvio que em simultâneo com a Vênus harmoniosa, amorosa e sensual coexistia uma outra, tensa, mais conflituosa e até mesmo divisora.
   É esta mesma Vênus, tal como na anedota do velho Flip Wilson, “Foi o diabo que me obrigou a fazer isto”, que inspira as nossas opções mais questionáveis, aquelas que evocam dor e confusão, mesmo que irrevogavelmente mudem as nossas vidas. Ela é o anjo negro da nossa natureza, cheia de desejo, ansiando por excitação em detrimento da paz, encorajando-nos a atirarmo-nos do precipício do status quo. Se esta outra Vênus fosse uma heroína de novela romântica, a sua história poderia começar com o seguinte parágrafo (escrito por uma Vênus de 5ª casa em Peixes):
   Algo indescritível tomou controlo dos seus sentidos. Com a dor a dilacerar o seu coração, o calor do coração revela-se inapropriado, demasiado quente e aconchegante. Lá fora o vento ululante alia-se às ondas do oceano que de uma valsa suave se convertem num tango agressivo e apaixonado. O desejo de ser violentamente acariciada pelo vento toma conta dela. Ela agarra no seu xale mais grosso e se encaminha para a beira do penhasco, onde o vento sopra na sua intensidade máxima. As ondas alcançam-na, salpicando a cara dela com água salgada. O vento sacode a sua roupa e o seu cabelo- num tumulto tal como o seu coração. Ainda assim, há tanta beleza para apreciar, mesmo agora.
   Os astrólogos não precisam de ir à procura nos asteroides ou nos confins do sistema solar para localizar esta deusa mais tumultuosa. Enquanto receptividade feminina, Vênus significa a nossa capacidade de abertura à vida. Isto traz prazer, mas também vulnerabilidade, penetração e dor mas até isso, pode ser bonito de acordo com os padrões de Vênus. A deusa que anseia por prazer e paixão gosta da variedade e intensidade o que pode ser revigorante. Isto também pode ser perturbador, inspirando escolhas que nos envergonham ou humilham, encaminhando-nos para amantes que não são bons para nós, para orgias de destruição que mais tarde lamentamos, estimulando os ciúmes, inadequação e medo da perda. Enquanto arquétipo, Vênus mapeia o nosso itinerário para a felicidade. Mas ela recusa-se a seguir somente por estradas seguras e bem iluminadas. Devido à sua própria natureza, ela continua a encaminharmo-nos para as trevas.
   As antigas culturas que observavam o céu compreenderam isto, observando o seu ciclo com um misto de reverência, assombro e medo. Sendo a nossa estrela mais próxima e brilhante, a sua influência era inegável. Para os Maias, Sumérios, Babilônios e muitas culturas indígenas, o seu ciclo mostrou a iniciação xamanística e a mudança, à medida que se transformava de estrela da manhã em estrela da noite e depois o inverso de novo, desaparecendo no submundo entre esses dois momentos. A visão moderna de Vênus enquanto promessa de alegria constante revela o nosso distanciamento do processo demonstrativo do céu.
   As duas queixas mais frequentes feitas pelas pessoas acerca da sua Vênus é que ela não lhes tem trazido amor eterno ou somas de dinheiro avultadas. Mas estas são promessas de astrólogo. Nunca li qualquer lenda sobre Vênus/Afrodite que mostrasse a deusa a contar grandes quantidades de dinheiro ou a declarar a sua fidelidade a um único verdadeiro amor. Ela é sexy e criativa, e também inteligente, curiosa e promíscua. Quando apenas queremos a “Vênus feliz” tendemos a recriar o mito de Pandora. Segundo Hesíodo, Pandora foi a primeira mulher. Foi criada por Zeus para punir o roubo de Prometeu. Moldada por Hefesto a partir da água e da terra e abençoada com dádivas de todas as divindades incluindo o desejo e a graça de Afrodite, Pandora chegou com um jarro que lhe pediram que não abrisse. A curiosidade levou a melhor e ela espreitou por debaixo da tampa , libertando todos os males do mundo. Podemos ter uma surpresa semelhante, quando esperamos roubar somente guloseimas a Vénus. Inevitavelmente libertamos o lado sombrio dela.
   A misoginia da fábula de Hesíodo é óbvia. As feministas encaram-na como mais uma acha na guerra do patriarcado contra o feminino. Provavelmente, Hesíodo reformulou um mito da deusa mais antigo, em que a primeira mulher chegou transportando um jarro que continha ao invés do mal, os mistérios femininos, os poderes associados à intuição, aos sonhos e à profecia assim como ao subconsciente e ao fértil desconhecido. As primeiras deusas da fertilidade foram a matriz da qual brotou toda a vida. Mas nos panteões patriarcais, foram despidas da sua plenitude e fragmentadas em múltiplas deusas com menos poderes. Para compreender como Vênus opera nos nossos mapas, temos de a voltar a ligar à sua linhagem matriarcal. Temos de a encarar como uma força da natureza. Ela é uma flor perfumada atraindo amantes e abelhas- mas também um terramoto ou furacão. Ela nem sempre é segura. A sua fertilidade pode inspirar a criatividade artística, uma união sexual que dá origem a uma criança ou uma experiência que choca e nos obriga a crescer.       Enquanto receptividade feminina, Vênus leva-nos aos nossos limites, à beira do nosso crescimento; a dor que ela traz é generativa. Tal como a psicóloga e a autora Ginette Paris escreve, Afrodite “não é apenas uma fonte de alegria, mas um caminho para o conhecimento interior.” Por outras palavras, ela traz mais que amor e dinheiro. Ela mergulha-nos na vida.

Intervalo técnico


   Porque estradas escuras a Vênus pessoal poderá viajar poderá ser sugerido pelo seu signo e casa. Mas os posicionamentos mais eloquentes são frequentemente os aspetos a Vênus – as conjunções, as quadraturas, as oposições, os trígonos, os sextis dos outros planetas. Partilharei algumas citações e histórias mas primeiro tenho de revelar o meu método. Se você estiver pouco preocupado com a precisão técnica, salte esta parte. Fui sempre exigente com as orbes apertadas, fui treinada pelo meu professor para esmiuçar os mapas até chegar aos aspetos menores, pontos harmônicos e pontos médios. A maior parte dos dias chego mesmo a torcer o nariz de desaprovação para com o sistema “alfabético” que estabelece equivalências entre signos, casas e planetas. Comecei a minha investigação sobre Vênus com planilhas para calibrar as características técnicas de cada mapa. Isto teria sido uma boa ideia se eu apenas tivesse conseguido os 30-50 participantes que eu esperava, mas com 426 participantes tornou-se avassalador. A minha única alternativa foi optar por utilizar técnicas intuitivas (que é claro são mais venusianas).
   Trabalhar intuitivamente significa ouvir. Li os questionários dos entrevistados e ouvi os padrões, depois observei como as palavras correspondiam ou não aos mapas. Reuni todas as Vênus sagitarianas, ou o grupo com a Vénus na 8ª casa e ouvi as similaridades entre elas. Também foi importante o que as pessoas não diziam. De facto, várias fábulas astrológicas se desvaneceram desta forma. A primeira foi " o ciúme é próprio de uma Vênus afligida em Escorpião" (ou uma influência de 8ª casa/Plutão). Quando mais de metade dos entrevistados admitiram ter problemas com o ciúme, este facto confirmou que o ciúme é um traço venusiano genérico. Não é apenas tolo mas inexato limitar o ciúme a um signo. O mais excitante foi ouvir que havia de facto similitudes que ligavam cada grupo venusiano e que o tornavam diferente dos outros. As Vênus em Aquário relataram aspirações amorosas similares, distintas das partilhadas pelas Vênus em Caranguejo/Câncer. Mesmo após vinte anos de prática astrológica, sinto-me sempre emocionada e um pouco surpreendida por ver que a astrologia funciona.
   No entanto, a leitura dos questionários trouxe também momentos de confusão, nos momentos em que ouvi a nota inconfundível de um planeta que não estava ligado à árvore de Vênus. Uma Vênus conjunta a Marte queixou-se mais de uma vez de desespero ou de baixa autoestima e estava à espera de ver a mão sombria de Saturno pousada sobre Vênus ou Marte, mas ela não estava lá. Embora as minhas perguntas focassem assuntos de Vênus, nada impedia que o Sol ou a Lua ou qualquer outro fator respondessem também. E por vezes era aí que o aspecto de Saturno se escondia. Mas o que é importante num mapa é dito pelo menos três vezes. Quando levantei os meus olhos e suavizei o seu foco, toda uma nova rede de relacionamentos venusianos apareceu. Frequentemente, um planeta influenciava Vênus através de um aspecto cuja orbe era superior a dez graus ou ainda maior. Por vezes um planeta exterior, cuja única ligação a Vênus era o facto de ocupar a mesma casa, com um afastamento de vinte graus, ainda figurava na história de Vênus daquela pessoa. Estes aspetos amplos e lasso frequentemente falavam mais alto que os aspetos mais apertados e pequenos, como os quintis e biquintis com orbe de um grau.
   Conheço astrólogos que interpretam os aspetos por signo em vez de orbe (como se lessem qualquer planeta em Touro em quadratura com qualquer planeta em Aquário, independentemente dos seus graus). Está prática costumava fazer-me revirar os olhos. Não esperava que estudar tantos mapas desta forma tão focada me fizesse relaxar a minha precisão astrológica, mas fez. Talvez seja apenas uma fantasia de técnico achar que os deuses permanecem confinados dentro de discretas fronteiras numéricas. As vidas reais são confusas. Os limites arquetípicos misturam-se e esborratam. Sinto-me agora mais confortável com o sistema alfabético. Vi como funciona vigorosamente. Uma Vênus na 9ª casa pode ser de facto como uma Vénus em Sagitário ou em aspecto com Júpiter. Também descobri que a natureza particular de um aspecto – quer seja uma quadratura, trígono ou sesquiquadratura, pode ter menos importância que a habitualmente atribuída. Na experiência da vida real, uma quadratura pode não ser tão diferente de um inconjunto. O que importa é que os planetas estão ligados. Entre os entrevistados cuja Vênus aspectava a Lua, ouvi temas similares, quer os planetas estivessem ligados por uma conjunção, trígono ou oposição. Quão bem os planetas funcionavam parecia ter mais a ver com os antecedentes da pessoa e com a sua vontade de crescer – um mistério que frequentemente prevalece sobre a matemática.
   Tenho desejos sensuais mesmo antes de saber o que era o sexo. Quando eu tinha apenas quatro anos, a minha mãe levou-me à praia. Assim que ela se acomodou , reparou que a minha atenção estava orientada para um homem incrivelmente bonito que apanhava banhos de sol próximo de nós. De repente levantei-me e caminhei em direção a este homem, ajoelhei-me ao seu lado, acariciei-o suavemente da parte superior da coxa até ao joelho e disse, “Hmmm, cheiras como um homem.” A minha mãe ficou horrorizada. Sempre tive rapazes na minha mente, mas curiosamente o “sexo” assustava-me. Fui virgem até aos 19. Os meus relacionamentos têm sido um desastre. Como tenho estado por minha conta desde os 16, acho que tenho confundido amor e segurança, contentando-me com segundas escolhas porque não sentia que conseguia melhor. Sinto-me muito autoconsciente do meu corpo e não entusiasmada com a nudez. Não quero sentir vergonha, mas sinto; no entanto quando excitada e durante o sexo, isto desaparece. Já não receio não ser perfeita. A minha deusa interior toma o controlo e é maravilhoso estar despida. (Vênus quadratura à Lua)
   O lado negro do aspeto Lua/Vênus remonta ao Monte Olimpo, onde o Feminino dividido começou a entrar em conflito consigo mesmo. A competição entre Hera, rainha do céu e a deusa do sexo Afrodite desencadeou não apenas a guerra de Troia, mas também uma fricção inconsciente entre nutrição e sexo ou entre a segurança dos relacionamentos e o seu prazer saudável. Podemos compreender o horror de uma mãe face ao despertar sexual precoce da sua filha, mas a reação pode inspirar a criança a virar-se para ela mesma, sentindo culpa pelos sentimentos sexuais ou aprendendo a comprometer o desejo em troca de compromissos seguros. Muitas pessoas com este aspeto lutam contra os seus corpos: “Não é perfeito”, "É nojento" ou “Lembra-me o corpo da minha mãe”. Contam como se sentem criticados pela mãe ou envergonhados pela galanteria da sua própria mãe. Estão na linha da frente daquilo que é um dilema cultural mais vasto, onde o feminino dividido deflagra por meio de desordens alimentares, a incapacidade das mulheres de partilhar o poder com outras mulheres, ou homens que confundem as esposas com as mães e que têm de manter encontros fortuitos com as suas amantes.
   Muitos com Lua/Vênus sentem uma doce ligação às suas mães, mesmo que o relacionamento seja por vezes conturbado. Uma influência feminina positiva -uma mãe, tia ou avó que é capaz de abarcar tanto Hera como Afrodite com a vontade – podem ajudar a dar a este aspeto uma bonita manifestação: A tarefa da alma de Vênus/Lua é reunir o Feminino na sua plenitude original. Amar o corpo e reclamar a sua sacralidade pode ser um passo importante na integração destas duas potências femininas. Isto foi uma descoberta importante para uma Lua/Vênus em quadratura no meu estudo:
   Aprendi uma preciosa lição durante umas férias de verão no Brasil quando tinha 17 anos. No Rio andavam praticamente nus nas ruas. Os homens usavam aqueles reduzidos fatos de banho da Speedo e as mulheres de todas as formas, idades e tamanhos usavam biquínis ou tangas de 2 peças e ninguém olhava para eles duas vezes. Sentem-se tão livres nos seus corpos. Refleti acerca disso. Após o choque inicial, fez-se luz dentro de mim acerca da beleza do corpo humano e das diferentes formas que ele assume. Se alguém não gostar, ele ou ela podem sempre olhar para outro lado.
   Vênus desperta no corpo naturalmente, por vezes antes da idade culturalmente aceite, mas quando ela está em aspeto com Plutão, poderá haver uma iniciação indesejada. Seria irresponsável e incorreto dizer que a ligação Vênus/Plutão indica abuso sexual. No entanto, da mesma forma que Plutão raptou e levou Perséfone para o submundo, poderá haver uma prematura e indesejada consciência do sexo, demasiado forte para ser totalmente processada pela inocência. Este é outro aspeto que pode acarretar vergonha em relação ao corpo ou a sensação de ter sido lesado de alguma forma. Com Vênus/Plutão, é quase como se uma camada de proteção estivesse a faltar, intensificando a vulnerabilidade e aumentando a voltagem das emoções. Há uma grande força neste aspeto, mas inicialmente a sua sensibilidade pode inspirar extremos ou de silenciar Vênus por completo ou de a atirar aos lobos.
   O que é que eu aprendi sobre o amor antes de ter cinco anos de idade? Que eu era inamável, indesejada. De alguma forma o sexo estava emaranhado nisso, mas não consigo compreender totalmente como. Fui sexualmente abusada aos nove, mas simplesmente sei que não foi a primeira vez e tenho estranhos fragmentos de memórias. Aprendi que o sexo me podia comprar uma ilusão de amor. O amor é algo em que ainda é muito difícil de acreditar mesmo após anos de terapia. Uma vez, apesar de a minha maior capacidade de discernimento, envolvi-me com um homem assustador (intensamente possessivo e muito desonesto) quase imediatamente após a separação do meu ex-marido. O nosso relacionamento sexual era quer ardente quer por vezes sombrio (envolvendo S & M) quer excitante quer perturbador e por vezes, mais para o final, assustador. Eu era a masoquista no relacionamento em muitos aspetos, incluindo o sexual. Após o final do relacionamento, ( que foi intensamente doloroso porque eu tinha desenvolvido “amor”/ necessidade dele?) Decidi saltar fora! (Vênus oposição Plutão)
   Quando alguém viaja pelo submundo, ter um guia ajuda. Uma vivência Vênus/Plutão dolorosa pode ser o catalisador da procura de aconselhamento, de adesão a grupos de apoio ou da participação em workshops conduzindo a uma melhor percepção do próprio e dos outros e a uma identificação das motivações mais profundas e dos padrões inconscientes. Algumas das mais dramaticamente dolorosas histórias de perda, abuso e traição foram contadas pelos Vênus/Plutão do meu estudo, no entanto, elas também mostraram uma força de sobreviventes e uma intensa autoconsciência. É útil relembrar que no mito Perséfone se transforma numa Rainha. Podemos dizer que ela aprende a proteger cuidadosamente os seus tesouros, revelando-os apenas àqueles merecedores da sua confiança. Com mestria, ela inspira outros com a sua autenticidade emocional, a sua prontidão para ir ao encontro do desconhecido, a sua habilidade para limpar o passado, libertando relacionamentos que já cumpriram o seu propósito.
   Os livros de astrologia alimentam grandes expectativas acerca dos aspetos Vênus/Júpiter. A conjunção é considerada a mais afortunada de todas as combinações planetárias, trazendo abundância, sorte e popularidade. O lado negro desta e de outras combinações Vênus/Júpiter é habitualmente relatado como excesso de indulgência excesso de comida, bebida, de gastos ou arrogância e hipocrisia. Entre os Vênus/Júpiter do meu estudo e até mesmo entre aqueles que tenho conhecido, é raro encontrar estes altos ou baixos extremos. O mulherengo Zeus e a promíscua Afrodite tinham de facto a reputação de serem indulgentes. Mas noutros mitos, eles eram pai e filha, com Zeus a elevar Afrodite ao estatuto de divindade, alternando entre protegê-la e discipliná-la. Foi sobre esta qualidade de elevação que eu mais ouvi da parte dos Vénus/Júpiter do meu estudo. Havia uma aspiração por viagens, geográficas e espirituais e prazer nas vivências que proporcionavam liberdade, novas perspectivas e uma ligação à verdade. A boa sorte vinha muitas vezes através dos professores. Na história seguinte de uma mulher com Vênus em trígono com Júpiter, quase que nos conseguimos aperceber de Zeus a cuidar da sua filha, chamando-a a viajar para o templo da sua própria mulher. Talvez fosse Zeus disfarçado do guarda que lhe permitiu entrar para receber uma mensagem importante.
   Há uns anos viajei para a Grécia e fui levada a visitar o Heraion, um templo dedicado à deusa Hera. É um sítio ermo no planalto argivo. Não consegui perceber porque fui levada a visitá-lo. Estava um calor abrasador mas tinha de ir. Nada me impediria Quando cheguei ao local, o guarda, que disse que raramente tinha visitantes, ficou tão contente de me ver que me deixou entrar de graça. Trepei ao muro do templo e sentei-me no cimo dele, a olhar para as montanhas ao longe. Os insetos zumbiam nos relvados secos e o sol massacrava, mas eu estava esquecida de tudo. Repentinamente, uma declaração muito imperiosa, clara e decisiva entrou no meu consciente. “Durante quanto tempo achas que consegues viver uma mentira?” – perguntou aquilo. Fiquei chocada. Não se parecia nada com a minha voz interior. A questão foi repetida e eu imediatamente soube a que dizia respeito. Eu vivia há muitos anos um casamento muito difícil e infeliz. A experiência estava a matar o meu espírito. Comecei a chorar suavemente, depois as lágrimas vieram acompanhadas de grandes e pesados soluços. Finalmente recompus -me e regressei ao meu hotel. Quando me dei conta do que tinha acontecido fiquei esmagada. O arquétipo da grande deusa tinha ressuscitado, ali no Heraion. Quando regressei aos Estados Unidos, pedi o divórcio e fui viver e trabalhar para a Grécia; (Vênus em trígono com Júpiter).
   Seja qual for o aspecto planetário, se encararmos as nossas vivências difíceis de Vênus como o nosso caminho único para o crescimento, também seremos elevadas e não mais seremos vítimas ou fracassos. As pessoas podem ser muito críticas acerca dos seus próprios fracassos amorosos. Talvez seja Vénus que viaja através de nós, para atingir a plenitude da sua felicidade uma e outra vez. Quando ela nos conduz através do submundo, se não cairmos na inconsciência ou permanecermos ali, se continuarmos a nossa viagem, poderá haver momentos em que saberemos o que os deuses sabem.
   Vivi sempre o meu Vênus em oposição a Netuno como mágoa, apaixonando-me por todos os homens errados – ansiando por uma ligação mais profunda, nunca me conseguia encontrar com homem por quem me sentia atraída, amando homens que não me amavam ou que tinham outra mulher nas suas vidas. Costumava chamar-lhe o horóscopo da mágoa até chegar aos 48 anos de idade. Conheci um artista que se ligou a mim instantaneamente. Estamos juntos há 3 anos. Como retratista, pintou as minhas duas filhas e um nu de mim que está agora dependurado numa galeria de arte. Isto é que é Vênus em funcionamento!

Traduzido do Inglês por Patrícia Vieira Neves







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